sexta-feira, 2 de março de 2012

Flutuando em direcção ao chão.




Quotidiano, horários, monotonia e toda a simplicidade mecanizada do nosso ritmo de vida fazem-me sentir cansado. Todos os dias são verdadeiros pedaços de treta pré cortado e pré embalado de um calendário à muito planeado e construído. Este produto de facturação fácil é aniquilador das verdades naturais e puras, pequenas jóias no complexo mecanismo humano à muito infestado com musgos da cegueira imposta e brilhantina do tão querido sangue económico, o capital.

Este sabor a ferro, progresso, dinheiro, ganância, eficiência e desalma enjoa-me. Agora percebo como um mecanismo tão grande e complicado (de bases tão cimentadas como o nosso modelo de sociedade), se encontra tão doente e degradado, nesses pilares que julgamos indestrutíveis. Continuamos a acreditar neste engenho mesmo quando este, e todos o que nele participam, nos encontramos à beira do abismo…quando este vê as suas paredes racharem, quando o tecto desmorona e as suas janelas partirem libertando as vozes de anos e anos de razão oprimida. Continuamos, cegamente, a seguir este sonho tão singelo e tão simples, esquecendo-nos da nossa versatilidade na adaptação a novos ambientes e possibilidades? Caminharemos para a possibilidade da criação de um novo, igualitário e verdadeiramente humano sistema social (sem economias nem politicas pelo meio)?

Até essa grande estalada na face da humanidade, continuaremos no “está tudo bem” e no “para o ano é melhor”… tenho pena nos crentes do sistema material, porém o desejo deste sonho permanece no meu ser e felizmente em muitos outros que acompanham esta queda abafada por muitas vozes e mãos em direcção ao áspero e duro chão real, aclamando, neste triste e medonha queda, que flutuamos num mar de ondas...